terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Carta

Há quem pense que eu levo a situação da minha filha demasiado a sério, demasiado stressado, obcecado até e que devia era afastar-me e esquecê-la que ela existe (como poderia?) até ela ser maior.
Eu tenho seguido o caminho oposto, tentando a todo o custo lutar contra uma gaja cínica e sem escrúpulos, que detesta a filha pela 
relação fantástica que tinha com o Pai, e que por isso resolveu acabar com ela!
Por outro lado dizem-me que, se quero o melhor para a minha filha, não posso deixa-la sequer sentir que a abandonei.
É o que tenho tentado fazer, com 2 telefonemas por semana (a pedido da Margarida), apesar dela, mais uma vez e unilateralmente, ter alterado os dias que o posso fazer.

A minha última esperança era o relatório do IML mas, como já escrevi antes, nada funciona e o tribunal está à espera dele há pelo menos 6 meses!
Até uma reles associação que foi instruída pelo tribunal em Dezembro a iniciar visitas mensais, ligou-me uma só vez (mais de uma mês após a ordem do tribunal), ficou de me contactar por email há mais de 10 dias e até agora nada!
Detesto parecer que estou a fazer um papel de vítima, que estão todos contra mim, mas deixarei de me indignar quando alguma vez durante este processo todo, uma (só peço uma) entidade ou pessoa envolvida cumpra o que é suposto fazer!
A cabra enviou-me, através do advogado, uma relação de pensões em atraso completamente ridícula (a ver se pegava agora que voltei a trabalhar) e a pedir prestações que eu efectivamente paguei!
Óbviamente, de mim não receberá um tostão sequer de prestações atrasadas ou futuras, até apresentar uma lista correta.

No entanto, apesar de tudo o que digo sobre este processo todo, da cabra, do tribunal, dos psicólogos envolvidos, do IML, tenho tentado nunca deixar de falar com a Margarida e de retomar uma qualquer relação mínima que seja em que não tenha a minha filha contra mim.
Assim e como lhe tinha prometido, escrevi-lhe uma carta.
Das últimas vezes que falámos ela revelou-se bastante ansiosa por receber a carta ("Oh Pai, quando é que vais enviar a carta?") e na semana passada finalmente enviei-a.
Primeiro, foi "ainda não chegou"...

Hoje foi "Oh Pai, eu tenho escola, não posso ir buscar a carta aos correios!"
O quê??? Caíu-me tudo!

Tentei explicar-lhe que não precisa ser ela a ir aos correios, que a mãe dela com o Cartão do Cidadão pode ir levantá-la... "Mas a mãe não pode, ela trabalha"... "Pode sim, filha, claro que pode".. "Não pode nada Pai, ela trabalha!" (como quem diz, tu não trabalhas mas ela sim)... continuei a dizer-lhe que qualquer pessoa podia ir buscar a carta, a avó, o avô, a irmã, até ela própria visto que para ir ao Psicólogo já pode faltar às aulas... "Não posso nada Pai, tenho aulas"... enfim desisti.
Disse-lhe que ela é que sabia se queria a carta ou não... que se quisesse dizia à mãe para a ir buscar... "A mãe não pode, Pai, já te disse que ela trabalha!"
Fiquei mesmo chateado por ter a minha filha, que tanto queria que eu lhe enviasse uma carta, a dizer-me por outras palavras que, prescindia da carta porque "a mãe não pode ir aos correios", que lhe disse "Um dia vais entender filha, o quanto a tua mãe faz para dificultar a nossa relação...um dia vais entender".
Depois a chamada caíu, ou ela desligou não sei... voltei a ligar e ela disse-me logo de entrada que "Não gostei nada que dissesses mal da minha mãe"..."lamento ter-te chateado filha, mas é a verdade".. "não é nada"... "ok, filha eu não digo mais nada mas um dia vais entender"...Tentei ainda salvar a conversa mas foi inútil.
Acabei a perguntar-lhe se queria que eu lhe ligasse e a reposta foi "tanto me faz".. insisti, ela reafirmou "tanto me faz", tornei a insistir que ela é que sabia se queria que eu continuasse a ligar às 3ªs e 4ªs e por isso gostaria que ela me dissesse um simples "sim" ou "não".
Disse um tímido "sim" para imediatamente completar com "Tanto me faz".
Disse-lhe então que deixaria de ligar-lhe visto que ela ficava incomodada com os meus telefonemas e que ela podia ligar-me sempre que quisesse.
Respondeu "tá bem, tanto me faz" e desligou.

Por isso, para mim, acabou!
Não torno a ligar mais pois isto, da forma que está, deixa-me completamente de rastos e não adianta nada!
Agora vai sentir o meu desinteresse, que foi algo que ainda nunca tentei.



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